A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença
caracterizada pelo aumento da pressão arterial. É uma das doenças
crônicas não transmissíveis de maior prevalência no mundo e traz
graves consequências a saúde da população.
Sua etiologia é multifatorial podendo ter como
causa fatores genéticos, obesidade, sedentarismo, o estresse, o
consumo de álcool e do tabaco. De grande relevância no desencadeamento
desta doença são os maus hábitos alimentares podendo ser destacado
o alto consumo de alimentos ricos em gordura saturada e sódio.
A dieta DASH (Dietary Aproaches to Stop Hipertension)
é uma dieta que visa diminuir os níveis de pressão sanguínea e minimizar
os efeitos que a HAS pode ter na saúde dos indivíduos. Seu padrão
dietético já é recomendado pelas organizações nacionais e internacionais
para o tratamento de pacientes portadores de hipertensão.
A dieta DASH é rica em frutas, hortaliças, fibras,
minerais e laticínios com baixos teores de gordura. Um alto grau
de adesão a este tipo de alimentação pela população está sendo responsável
pela diminuição dos prevalências de hipertsão em alguns grupos estudados.
Os benefícios sobre a Pressão Arterial (PA) têm sido associados
ao alto consumo de fibras, potássio, magnésio e cálcio.
Para conseguir os benefícios deste plano alimentar,
o indivíduo deve seguir algumas recomendações como por exemplo a
diminuição do consumo de gorduras saturadas, colesterol e total
de gorduras. Deve também optar por aumentar o consumo de frutas,
legumes e verduras além de atentar ao consumo de leites e seus derivados
com baixa quantidade de gorduras. Grãos e sementes devem fazer parte
do cardápio semanalmente, além dos peixes e aves. Finalmente, deve-se
reduzir o consumo de carnes vermelhas, doces, açúcar de adição e
refrigerantes.
Juliana Bergamo Vega
Existem
evidências de que a hipertensão está associada com resistência à
insulina. Em indivíduos com hipertensão essencial, existe uma maior
prevalência de resistência à insulina do que nos normotensos. A
prevenção, a detecção, a avaliação e o tratamento da hipertensão, como
definidas no JAMA de maio de 2003, geralmente não discutem o impacto
destas intervenções na resisência à insulina. As intervenções do Joint
são a perda de peso para os obesos, o aumento da atividade física, a
redução da ingesta de sódio e a diminuição da ingesta de álcool.
De acordo com os resultados do estudo DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), publicado na revista Diabetes Care de fevereiro de 2004, a adoção do modelo dietético DASH associado a uma intervenção no estilo de vida pode aumentar a sensibilidade à insulina. Este estudo adicional foi conduzido em um dos centros, denominado PREMIER, um trial clínico multicêntrico, randomizado, onde foram examinados os efeitos de três intervenções no estilo de vida em reduzir a pressão arterial elevada, 52 indivíduos foram avaliados. O grupo A recebeu apenas recomendações;
o grupo B inclui redução do peso, redução da ingesta de sódio, aumento da atividade física e consumo moderado de álcool; o grupo C recebeu todas as intervenções do gupo B e o modelo dietético DASH.
A dieta DASH é mais rica do que a dieta típica americana espaço em frutas, vegetais (ou seja, em fibras) e laticínios light, com teor baixo de gordura total, gordura saturada e colesterol. É repleta de nutrientes associados com a melhora da sensibilidade à insulina, incluindo magnésio, cálcio e proteínas. Uma pesquisa publicada em 1997 na revista Hypertension, concluiu que 1,500 mg/dia de cálcio suplementar melhora a sensibilidade à insulina em pacientes com hipertensão essencial usando o clamp euglicêmico-hiperinsulinêmico. Outro estudo publicado em 1992 no
American Journal of Clinical Nutrition evidenciou que a suplementação de magnésio melhora a ação da insulina em pacientes idosos.
Os grupos B e C tiveram diminuição semelhantes no total de calorias, percentagem de calorias provenientes de gorduras e ingesta diária de sódio, bem como quantidade similar de gasto energético e perda de peso. Comparado com os outros grupos, o grupo C, como esperado pela dieta DASH, teve um maior consumo de proteínas, potássio, cálcio e magnésio e uma melhora na sensibilidade à insulina de 1.96 para 2.95 (p=0.47). Apesar do grupo B também ter tido uma queda significativa nos níveis glicêmicos em jejum, a sensibilidade à insulina não foi estatisticamente diferente da do grupo controle.
A limitação do estudo inclui insuficiente capacidade de determinar a importância, o impacto dessa alteração de sensibilidade da insulina no grupo B (seria já o bastante?) e o uso de dois recordatórios dietéticos não consecutivos para estimar a ingesta de nutrientes.
Conforme publicado na revista pelo autor do estudo, da University Medical Center da Carolina do Norte, “baseados nos resultados deste estudo, a inclusão do modelo da dieta DASH como parte básica de um plano dietético hipocalórico pode levar a uma melhora significativa de mais de 50% na sensibilidade da insulina.” Esta combinação de alimentos e nutrientes, segundo ele, deve ter um efeito em vários alvos celulares que promovem as mudanças na composição corporal durante a perda de peso, resultando em um impacto favorável na ação da insulina. Diabetes Care. 2004;27:340-347.
Este achado pode trazer à classe médica evidências adicionais para a necessidade de recomendar este modelo dietético como parte do tratamento da hipertensão, sendo as intervenções de modificação de estilo de vida fundamentais e compreensíveis no tratamento e na redução de todas as condições de risco cardiovascular.
Cabe a nós, médicos, nutricionistas e educadores físicos: termos o bom senso de orientar nossos pacientes sobre o que viemos discutindo há longa data quanto menos gordura (eu disse menos, não ausência) em nossos pratos, melhor não só para o nosso coração, nosso colesterol e nossa pressão alta, mas também para o controle da glicemia e possivelmente para a prevenção do diabete em longo prazo. Além de que menos gorduras, mais cálcio, mais proteínas, mais fibras, mais atividade física e perda de peso por si só já melhoram qualquer fator de risco cardiovascular.
Resumo do Estudo
• Os participantes eram maiores de 25 anos, índice de massa corporal (IMC) variando entre 18.5 a 45 kg/m2 e hipertensão estágio 1 pelos critérios do Joint National Committee (JNC);
• Os critérios de exclusão foram: uso de medicamentos anti-hipertensivos ou para emagrecimento, diabetes, história de evento cardiovascular, diagnóstico ou tratamento de câncer e hospitalização psiquiátrica nos últimos 2 anos;
• A sensibilidade à insulina basal foi medida usando o teste de tolerância à glicose intravenoso, que foi repetido na conclusão do estudo, no mês 6. O índice de sensibilidade à insulina foi então calculado;
• Peso, altura e circunferência abdominal foram medidos através de métodos estandartizados. A ingesta de nutrientes foi determinada por 2 descrições de memórias não consecutivas em 24 horas e a atividade física determinada em METs, uma quantia de equivalentes metabólicos, através de um questionário (auto-recordatório);
• 52 participantes consentiram e foram randomizados (como parte do protocolo PREMIER) para serem orientados apenas em uma ocasião (grupo A ou controle; n = 18), intervenção comportamental intensiva com 14 sessões em grupo e 4 individuais (grupo B; n = 16) ou intervenção comportamental intensiva (mesmo número de sessões do grupo B) com a dieta DASH (grupo C; n = 18) durante 6 meses;
• Todos os participantes foram orientados conforme as intervenções em estilo de vida do JNC a restringir o uso de sódio a 2.4 g ou menos por dia, a não consumir mais do que 30% do total de calorias proveniente de gorduras, a perder pelo menos 15 pounds, se estivesse com excesso de peso, e a praticar 180 minutos de exercício moderado por semana;
• Aos participantes do grupo C, era orientado a restrição da ingesta de gorduras para 25% ou menos do total de calorias, sendo 7% ou menos de gordura saturada; a ingerir 9 a 12 porções de vegetais ou frutas por dia; e 2 a 3 porções de laticínios leite, queijo, iogurte, manteiga, desnatados (low-fat) por dia;
• Os participantes eram similares em idade (média 50 anos), sexo (67% - 75% mulheres), raça (62%-78% brancos não-Hispânicos), IMC (média 32 kg/m2) e pressão arterial (média 138/83 mm Hg);
• Todos os participantes reduziram a ingesta calórica e os grupos B e C também reduziram a ingesta de sódio e de gorduras;
• A ingesta de potássio no grupo C aumentou, enquanto que no grupo B diminuiu ao longo dos 6 meses. A ingesta de magnésio, cálcio e proteínas se mostrou similar a do potássio no grupo C;
• Apenas o grupo C ( DASH ) teve um aumento na sensibilidade à insulina de 50% do valor basal comparado com o grupo B (28% de aumento do basal). O grupo A não teve mudança alguma na sensibilidade à insulina (P = .047 para o grupo C vs. A, P = .146 para grupos B vs. A);
• A razão da mudança da insulina para a glicose foi de quase 3:1 para o grupo C;
• 30% de todos os 55 participantes alcançaram a perda de peso proposta (15-pound) (A, 2 participantes; B, 5 participantes; C, 9 participantes). Grupos B e C tiveram perdas similares de quantidade de peso (5.69 kg vs. 6.56 kg, respectivamente) vs. 1.18 kg para o grupo A;
• A medida da cintura diminuiu em 5.5 cm no grupo B, não diminuiu nada no grupo A (P = .06); e diminuiu em 7.96 cm no grupo C vs. grupo A (P = .005). A diferença entre os grupos B e C não foram estatisticamente significativas;
• O consumo de álcool foi baixo e foi semelhante entre os 3 grupos.
De acordo com os resultados do estudo DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), publicado na revista Diabetes Care de fevereiro de 2004, a adoção do modelo dietético DASH associado a uma intervenção no estilo de vida pode aumentar a sensibilidade à insulina. Este estudo adicional foi conduzido em um dos centros, denominado PREMIER, um trial clínico multicêntrico, randomizado, onde foram examinados os efeitos de três intervenções no estilo de vida em reduzir a pressão arterial elevada, 52 indivíduos foram avaliados. O grupo A recebeu apenas recomendações;
o grupo B inclui redução do peso, redução da ingesta de sódio, aumento da atividade física e consumo moderado de álcool; o grupo C recebeu todas as intervenções do gupo B e o modelo dietético DASH.
A dieta DASH é mais rica do que a dieta típica americana espaço em frutas, vegetais (ou seja, em fibras) e laticínios light, com teor baixo de gordura total, gordura saturada e colesterol. É repleta de nutrientes associados com a melhora da sensibilidade à insulina, incluindo magnésio, cálcio e proteínas. Uma pesquisa publicada em 1997 na revista Hypertension, concluiu que 1,500 mg/dia de cálcio suplementar melhora a sensibilidade à insulina em pacientes com hipertensão essencial usando o clamp euglicêmico-hiperinsulinêmico. Outro estudo publicado em 1992 no
American Journal of Clinical Nutrition evidenciou que a suplementação de magnésio melhora a ação da insulina em pacientes idosos.
Os grupos B e C tiveram diminuição semelhantes no total de calorias, percentagem de calorias provenientes de gorduras e ingesta diária de sódio, bem como quantidade similar de gasto energético e perda de peso. Comparado com os outros grupos, o grupo C, como esperado pela dieta DASH, teve um maior consumo de proteínas, potássio, cálcio e magnésio e uma melhora na sensibilidade à insulina de 1.96 para 2.95 (p=0.47). Apesar do grupo B também ter tido uma queda significativa nos níveis glicêmicos em jejum, a sensibilidade à insulina não foi estatisticamente diferente da do grupo controle.
A limitação do estudo inclui insuficiente capacidade de determinar a importância, o impacto dessa alteração de sensibilidade da insulina no grupo B (seria já o bastante?) e o uso de dois recordatórios dietéticos não consecutivos para estimar a ingesta de nutrientes.
Conforme publicado na revista pelo autor do estudo, da University Medical Center da Carolina do Norte, “baseados nos resultados deste estudo, a inclusão do modelo da dieta DASH como parte básica de um plano dietético hipocalórico pode levar a uma melhora significativa de mais de 50% na sensibilidade da insulina.” Esta combinação de alimentos e nutrientes, segundo ele, deve ter um efeito em vários alvos celulares que promovem as mudanças na composição corporal durante a perda de peso, resultando em um impacto favorável na ação da insulina. Diabetes Care. 2004;27:340-347.
Este achado pode trazer à classe médica evidências adicionais para a necessidade de recomendar este modelo dietético como parte do tratamento da hipertensão, sendo as intervenções de modificação de estilo de vida fundamentais e compreensíveis no tratamento e na redução de todas as condições de risco cardiovascular.
Cabe a nós, médicos, nutricionistas e educadores físicos: termos o bom senso de orientar nossos pacientes sobre o que viemos discutindo há longa data quanto menos gordura (eu disse menos, não ausência) em nossos pratos, melhor não só para o nosso coração, nosso colesterol e nossa pressão alta, mas também para o controle da glicemia e possivelmente para a prevenção do diabete em longo prazo. Além de que menos gorduras, mais cálcio, mais proteínas, mais fibras, mais atividade física e perda de peso por si só já melhoram qualquer fator de risco cardiovascular.
Resumo do Estudo
• Os participantes eram maiores de 25 anos, índice de massa corporal (IMC) variando entre 18.5 a 45 kg/m2 e hipertensão estágio 1 pelos critérios do Joint National Committee (JNC);
• Os critérios de exclusão foram: uso de medicamentos anti-hipertensivos ou para emagrecimento, diabetes, história de evento cardiovascular, diagnóstico ou tratamento de câncer e hospitalização psiquiátrica nos últimos 2 anos;
• A sensibilidade à insulina basal foi medida usando o teste de tolerância à glicose intravenoso, que foi repetido na conclusão do estudo, no mês 6. O índice de sensibilidade à insulina foi então calculado;
• Peso, altura e circunferência abdominal foram medidos através de métodos estandartizados. A ingesta de nutrientes foi determinada por 2 descrições de memórias não consecutivas em 24 horas e a atividade física determinada em METs, uma quantia de equivalentes metabólicos, através de um questionário (auto-recordatório);
• 52 participantes consentiram e foram randomizados (como parte do protocolo PREMIER) para serem orientados apenas em uma ocasião (grupo A ou controle; n = 18), intervenção comportamental intensiva com 14 sessões em grupo e 4 individuais (grupo B; n = 16) ou intervenção comportamental intensiva (mesmo número de sessões do grupo B) com a dieta DASH (grupo C; n = 18) durante 6 meses;
• Todos os participantes foram orientados conforme as intervenções em estilo de vida do JNC a restringir o uso de sódio a 2.4 g ou menos por dia, a não consumir mais do que 30% do total de calorias proveniente de gorduras, a perder pelo menos 15 pounds, se estivesse com excesso de peso, e a praticar 180 minutos de exercício moderado por semana;
• Aos participantes do grupo C, era orientado a restrição da ingesta de gorduras para 25% ou menos do total de calorias, sendo 7% ou menos de gordura saturada; a ingerir 9 a 12 porções de vegetais ou frutas por dia; e 2 a 3 porções de laticínios leite, queijo, iogurte, manteiga, desnatados (low-fat) por dia;
• Os participantes eram similares em idade (média 50 anos), sexo (67% - 75% mulheres), raça (62%-78% brancos não-Hispânicos), IMC (média 32 kg/m2) e pressão arterial (média 138/83 mm Hg);
• Todos os participantes reduziram a ingesta calórica e os grupos B e C também reduziram a ingesta de sódio e de gorduras;
• A ingesta de potássio no grupo C aumentou, enquanto que no grupo B diminuiu ao longo dos 6 meses. A ingesta de magnésio, cálcio e proteínas se mostrou similar a do potássio no grupo C;
• Apenas o grupo C ( DASH ) teve um aumento na sensibilidade à insulina de 50% do valor basal comparado com o grupo B (28% de aumento do basal). O grupo A não teve mudança alguma na sensibilidade à insulina (P = .047 para o grupo C vs. A, P = .146 para grupos B vs. A);
• A razão da mudança da insulina para a glicose foi de quase 3:1 para o grupo C;
• 30% de todos os 55 participantes alcançaram a perda de peso proposta (15-pound) (A, 2 participantes; B, 5 participantes; C, 9 participantes). Grupos B e C tiveram perdas similares de quantidade de peso (5.69 kg vs. 6.56 kg, respectivamente) vs. 1.18 kg para o grupo A;
• A medida da cintura diminuiu em 5.5 cm no grupo B, não diminuiu nada no grupo A (P = .06); e diminuiu em 7.96 cm no grupo C vs. grupo A (P = .005). A diferença entre os grupos B e C não foram estatisticamente significativas;
• O consumo de álcool foi baixo e foi semelhante entre os 3 grupos.